quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Texto de aprofundamento 5: pesquisa/intertextualidade

Eis o próximo passo que a professora Joana passou para nós fazermos no blog.

Este texto foi tirado de um site sobre educação de Portugal. Mas podemos perceber, após a leitura, que os problemas em relação a homossexualidade são iguais, seja aqui no Brasil ou em Portugal. Seria o "Conhecimento Enciclopédico/de Mundo", fazendo assim uma analogia a matéria dada em sala de aula pela professora Joana com o nosso trabalho de pesquisa.



Adolescentes e homossexualidade



"A questão da homossexualidade não é nova mas foi principalmente na última década que se verificou um crescente interesse no seu estudo e análise. E não é por acaso que isso acontece, nas sociedades ocidentais - e falamos apenas delas - neste dado momento concreto. O emergir da discussão sobre os direitos individuais e o maior respeito pelas determinações e orientações de cada um, a introdução da questão "HIV", bem como os dados científicos baseados na evidência, permitem debater este assunto com maior lucidez, objectividade e sem tantos preconceitos como os que, nas sociedades ditas "ocidentais", impediram durante muito tempo uma leitura imparcial e rigorosa da questão.


Como definir "homossexualidade"?

Provavelmente, cada Leitor terá a sua própria definição do que é a homossexualidade, se é apenas dizer que uma pessoa do mesmo sexo é bonita ou interessante, ou assumir publicamente a sua preferência por um companheiro do mesmo género. E aqui convém dizer que falamos de “género” e não de “sexo”, que são coisas ligeiramente diferentes, dado que têm a ver com o papel e a representação psicológica e social, e não exclusivamente com a anatomia.

Em todo o caso, pode-se designar homossexualidade como a atracção sexual, emocional e afectiva de pessoas de um género por pessoas do mesmo género, como parte de um continuum da expressão sexual. Muitos adolescentes têm relações homossexuais como parte da sua aprendizagem, experimentação e conhecimento do corpo. Por outro lado, muitos dos homens e mulheres homossexuais tiveram as suas primeiras experiências durante a adolescência, tendo sido no final desta que as suas determinações e opções se consolidaram. De qualquer forma, este tipo de relações nesta idade não tem qualquer “valor predictivo”.


Os porquês da discriminação

Se sempre existiu homossexualidade nas sociedades humanas, poder-se-á perguntar porquê a reacção de rejeição tão veemente (em algumas sociedades, designadamente as ocidentais, repito, dado que esta questão é pacífica em muitas regiões do mundo). Bom. Sem querer esgotar o assunto, valerá a pena referir duas ou três coisas: por razões que a antropologia facilmente explica, associadas ao desígnio de contribuir "a todo o custo" para a continuação da espécie, esta forma de orientação sexual foi quase sempre reprimida ou pelo menos olhada de esguelha - como, aliás, o era o facto de uma mulher não conseguir ter filhos, o que levava inclusivamente a ser expulsa da tribo ou do clã.
Por outro lado, não se pode ignorar a contribuição decisiva de praticamente todas as religiões e as condenações e culpabilizações inerentes a quem cometia esse "pecado". Finalmente, como os homossexuais representam uma minoria, a maioria que, durante milénios, quis equiparar a verdade universal às suas "verdades" próprias, exerceu essa ditadura que passava pela humilhação e exclusão (e até erradicação) de quem fosse diferente. E ser diferente num assunto "tabú" ainda é mais complicado e gera atitudes mais repulsivamente agressivas.


O mundo está (felizmente) a mudar

Com o evoluir das sociedades, quando hoje em dia não ter filhos já não lança ninguém no opróbrio, quando as liberdades, direitos e garantias individuais são promovidas e não apenas as da comunidade como um todo, a questão da homossexualidade, tal como muitas outras, tornou-se objecto de debate e de discussão. E se, por um lado, ainda se observam frequentemente atitudes segregacionistas e de exclusão (algumas vezes de auto-exclusão), é crescente a tolerância e mesmo a normalidade com que o assunto é felizmente encarado. Para isso tem contribuído a afirmação pública de pessoas e individualidades de várias áreas da ciência e da cultura relativamente ao facto de serem homossexuais. Há uns anos não se admitiria que, por exemplo, um ministro de um governo fosse assumidamente "gay", o admitisse publicamente e continuasse a ser ministro. Hoje já o é, em alguns países.

Não se trata portanto de dizer paternalisticamente que "o que cada um faz é da sua conta" e que "temos que ser tolerantes", mas francamente, de muito mais: o de entender que a sociedade é composta por indivíduos diferentes, na cor, no tamanho, nas capacidades, na orientações sexuais e nas opções e estilos de vida. E se os determinantes dessas diferenças são genéticos, ambientais ou um misto dos dois, dependerá muito do tema e do que a ciência consegue (ou não) adiantar sobre o facto. E consegue muito pouco…

De facto, ainda há não mais do que vinte anos, a homossexualidade era definida como uma "doença mental" por Academias de Psiquiatria tidas como cientificamente irreprováveis - afinal provaram que não eram tão irreprováveis como isso… e o que é confrangedor é ver que, ainda hoje, se assiste a classificações deste tipo.


A homossexualidade não é uma questão de escolha

Cada vez mais se entende que a homossexualidade, como uma das possíveis orientações sexuais, não é uma questão de escolha, ou seja, não se escolhe ser homo, hetero ou bissexual. É-se, apenas e tão só, embora permaneçam desconhecidos os determinantes dessa orientação. O que já pertence ao capítulo das opções pessoais é a forma de comportamento e os estilos de vida que as pessoas, homossexuais (ou não) adoptam, designadamente o tipo de experimentação sexual e o viver (ou não) uma vida com relações homossexuais assumidas. Por outro lado, é bom que fique claro que as experiências homossexuais, masculinas e femininas, durante a adolescência, não são, para a larga maioria dos jovens, um factor predictivo da sua orientação futura.
No que se refere à prevalência desta situação, embora alguns relatórios tenham indicado estimativas, em adultos, de cerca de 4% para os homens e 2% para as mulheres, desconhece-se a taxa na adolescência e estas prevalências variam enormemente de região para região e de comunidade para comunidade, muito dependente do grau de aceitação social e até político.


As mesmas necessidades e padrões de desenvolvimento

Os adolescentes homossexuais partilham os mesmos padrões de desenvolvimento dos seus congéneres heterossexuais, designadamente o estabelecimento de uma identidade sexual, a decisão sobre os comportamentos, a gestão dos afectos, as opções relativas a ter ou não relações, de que tipo e protegidas ou não, etc. Os riscos que correm, relativamente às doenças de transmissão sexual, como a infecção a HIV ou outras, exigem as mesmas estratégias de educação para a saúde. Assim, os cuidados antecipatórios que se debatem com qualquer adolescente não devem excluir nenhum, independentemente das suas opções e orientações que, como se afirmou, podem até não querer dizer coisa nenhuma em relação ao futuro. Por outro lado, e como já referimos, sendo uma minoria na sociedade os homossexuais estão sujeitos a uma pressão social e a um "empurramento para a clandestinidade" que pode trazer um menor acesso aos serviços, um maior desconhecimento da informação credível e de rigor e, também, um aumento dos problemas psicológicos e sociais, numa adolescência já pontuada por dúvidas, angústias e "duelos" entre modelos de vida, de comportamentos, de relações e de concepções de sociedade.


Problemas a vários níveis…

Os problemas psicossociais derivam fundamentalmente do fenómeno de exclusão, vergonha (é preciso ver que ainda vivemos em sociedades onde os conceitos religiosos, mesmo nos não praticantes e não crentes, tem um peso extraordinário em pequenas coisas do dia-a-dia, mesmo que já não nas grandes decisões e opções), estigmatização social, hostilidade, etc. Aliás, não é por acaso que o risco de suicídio é muito superior para os adolescentes homossexuais, mesmo descontando outros factores do contexto social que possam também ser geradores de situações depressivas.

Muitas vezes, o comportamento exibicionista, associado a uma vontade de afirmar que "também se faz parte da sociedade", afasta e segrega mais as pessoas - mas é paralelo e "tão sem graça" como o comportamento exibicionista de um par heterossexual.
É fundamental, assim, ter uma atitude de instilar segurança à medida que os adolescentes formam a sua identidade sexual, sem rotulações precoces e imediatistas. Há uma evolução no processo de orientação sexual e, tal como para os adolescentes heterossexuais, não podemos confundir relações sexuais com sexualidade. A questão dos afectos é fundamental, dado que a expressão desses mesmos afectos é socialmente mal vista e pode limitar os impulsos amorosos que, se fosse o caso de um par heterossexual, até poderia ser motivo para uma fotografia ou um cartaz socialmente e esteticamente (e politicamente) "correcto".


A família e a sociedade

Não é apenas a nível da sociedade que um adolescente homossexual encontra problemas, pelo contrário. A nível da família e do grupo de amigos as atitudes hostis e de incompreensão, ou de humilhação e até agressividade podem ser a regra. O desprezo a que podem ser votados leva, muitas vezes, a sofrerem assédios, ataques e outros tipos de situações, desde "partidinhas dos colegas" e brincadeiras de mau gosto até violência inter-pares. Por outro lado, a estigmatização e os preconceitos podem impedir uma socialização completa, com repercussões no desenvolvimento (a todos os níveis), na escolaridade e no sucesso educativo, e na integração laboral, conduzindo a maior secretismo e exclusão. Não são raros os empregos onde os homossexuais têm que esconder as suas opções afectivas mas, por outro lado, "aguentar" todas as anedotas e piadas relativas às pessoas que se sentem atraídas por outra do mesmo sexo. Todos estes factores levam a que os homossexuais, principalmente os masculinos, sejam mais facilmente "conduzidos" para estilos de vida e opções de maior risco, marginalização e, no fundo, menor realização pessoal, profissional e falhas no seu bem-estar.

Os pais, por outro lado, sentem-se quase sempre frustrados e muitos "nem querem ouvir falar do assunto", fechando as portas ao diálogo e recusando aos filhos adolescentes direitos fundamentais: o da partilha dos seus problemas e o de poderem assumir a sua orientação sem serem por isso penalizados ou até mesmo expulsos do lar. É por isso que é necessário desdramatizar o assunto e falar abertamente nele - afinal, há tão pouco tempo uma coisa tão diferente e tão menor como uma criança ter piolhos era ainda escondida e geradora de vergonha nas famílias…

Temos que evoluír para uma cidadania plena… É normal na adolescência haver uma certa "ambiguidade" quanto à orientação sexual, resultante não apenas da necessidade de experimentação e de condutas de ensaio, como das várias hipóteses afectivas que se colocam a qualquer jovem. A amizade, por exemplo, pode ser confundida pelo próprio com amor, sobretudo para quem nunca experimentou certas sensações e sentimentos. O que é importante é que os jovens não se sintam culpabilizados ou pressionados, e que tenham acesso às fontes de informação sobre sexualidade, relações sexuais, planeamento familiar, doenças de transmissão sexual, ou seja, exactamente a mesma informação que todos os outros jovens.

As sociedades estão sempre em evolução - veja-se a diversidade de culturas, hábitos e conceitos que existem no mundo (como já afirmei, convém não reduzir o mundo ao que se faz e vive nos países "ocidentais"). Cada sociedade define as suas regras, certas ou erradas, conforme o sentir e o pulsar do momento. Com a rapidez da evolução tecnológica e da comunicação, também os valores e regras se alteram com maior facilidade e em períodos de tempo mais curtos. A discussão dos problemas, aberta e directa, como acontece nas democracias, permite acabar com tabús e situações injustas e de segregação.
A homossexualidade é um dos assuntos que, certamente, sofrerá uma evolução nos tempos mais próximos, no sentido de desdramatizar e de aceitar que nem todas as pessoas têm que ter as mesmas opções, sejam elas determinadas por condicionantes genéticos, ambientais, educativos, sociais ou quaisquer outros. Viver numa sociedade que aceita a diferença é uma forma de promover a cidadania e os direitos individuais e colectivos.


Agradecimento: desejava agradecer à Associação ILGA, na pessoa do seu Presidente, José Manuel Fernandes, a leitura crítica e reflexiva deste artigo.


Mário Cordeiro, autor deste artigo gentilmente cedido pela revista Adolescentes, é Professor de Pediatria."

Fonte:
http://www.educacao.te.pt/pais_educadores/index.jsp?p=86&id_art=60
Acessado em 23/09/2009, às 09h.

domingo, 20 de setembro de 2009

Texto de aprofundamento 4

Este texto é muito bom, tem tudo a ver com o nosso tema do trabalho, assim como o nosso curso também.

O papel do psicólogo frente a homossexualidade

Por Marcelo Toniette & Oswaldo Jr.

O papel do psicólogo frente a homossexualidadeNo dia 23 de março de 1999, o Conselho Federal de Psicologia através da Resolução CFP No. 1/99 estabeleceu formas de conduta dos profissionais de psicologia com relação à orientação sexual dos seus clientes. Entende-se por orientação sexual o objeto sexual e a disponibilidade de um indivíduo de relacionar-se afetiva e sexualmente com o mesmo. Desta forma, encontramos indivíduos que apresentam atração afetivo-sexual por indivíduos do sexo oposto – heterossexuais –, aqueles que apresentam atração afetivo-sexual por indivíduos do mesmo sexo – homossexuais – e aqueles que têm o mesmo sentimento para com ambos os sexos – bissexuais. De acordo com a resolução promulgada pelo CFP é considerada anti-ética qualquer forma de promover a discriminação ou mesmo contribuir para a manutenção de mitos, preconceitos e distorções relacionadas à diversidade da manifestação da sexualidade humana.

A homossexualidade sempre existiu nas mais diferentes culturas e nem sempre foi considerada indesejável ou doentia. O termo homossexualidade (sufixo “dade” = modo de ser) é diferente do homossexualismo (sufixo “ismo” = doença em Medicina). Visto que a atração afetivo-sexual por indivíduos do mesmo sexo não é considerada doença, o termo homossexualidade é humanamente mais indicado para designar essa forma de expressão.

Muito já se tem especulado em relação às causas da homossexualidade que vão desde questões psicológicas, hormonais, neuroendócrinas, cerebrais e genéticas, porém até o momento não existem dados conclusivos, sendo que diversas condições são identificadas no que tem sido denominado multifatoriedade causal da orientação sexual seja ela homo, bi ou heterossexual. Desta forma, podemos deduzir que a incessante busca da identificação das origens da homossexualidade tem profunda relação com a ideologia vigente em cada cultura, num determinado tempo e espaço.

Vivemos inseridos na diversidade de padrões biológicos, psicológicos e sociais. É notável o papel que a cultura exerce sobre o estilo de vida de uma pessoa. É notável também a severidade com que muitas culturas tratam as minorias que não seguem seus preceitos. Isso acontece com as pessoas homossexuais que não correspondem aos padrões pré-estabelecidos de uma sociedade composta por uma maioria predominantemente heterossexual, que encara a homossexualidade como categoria social desviante. É sabido que pessoas pertencentes a grupos perseguidos socialmente apresentam significativa tendência em desenvolver problemas psiquiátricos, podendo culminar no suicídio. Como exemplo de grupos perseguidos podemos citar o povo judeu no regime nazista ou os negros na África do Sul em tempos de Apartheid.

HomossexualidadeA Associação Psiquiátrica Americana, em 1973, removeu a homossexualidade da sua lista de diagnósticos. Porém, ainda ocorre que muitos profissionais, por falta de informação ou puro preconceito, insistem em enquadrar o ser humano de acordo com os padrões da maioria vigente, prejudicando a possibilidade que lhes é conferida de auxiliar o indivíduo que está a sua frente a encontrar uma melhor forma para a expressão dos seus desejos. É importante ressaltar que a resolução do CFP não obriga ninguém a concordar com a homossexualidade, preservando os valores pessoais do profissional; porém, profissionalmente, o psicólogo é incumbido de aceitar a homossexualidade como possibilidade de expressão sexual humana. A “cura” de algo somente é promovida diante da existência de uma “doença”, que não é o caso da homossexualidade.

De acordo com os sexólogos mexicanos Rúbio Aurioles e Alma Aldana: “Um terapeuta que pensa que a homossexualidade de um indivíduo deve ser modificada é um terapeuta que tem de revisar este problema consigo mesmo – e com seu terapeuta – antes de prosseguir causando problemas a si e especialmente em seus cleintes” (Antologia de la sexualidad humana, ed. Angel Porrúa, p.627). Uma visão humana da questão da homossexualidade é fundamental a fim de possibilitar a cada pessoa buscar em si mesma o reconhecimento das suas próprias necessidades e, por conseguinte, as aceitação e o respeito pela diferença do outro. Faz-se necessário, na atualidade, repensarmos sobre os valores éticos e buscarmos a conscientização e a ampliação da discussão voltada para o esclarecimento de dúvidas, mitos e dissolução de preconceitos em relação às minorias sociais e o reconhecimento das diferenças e variações do ser humano; repensar a vinculação ideológica e dissociar a homossexualidade de uma visão patológica, não perdendo de vista a proposta do trabalho psicoterapêutico de melhoria da qualidade de vida do ser humano.

Marcelo A. Toniette
Psicólogo e Psicoterapeuta Sexual. Presidente do CEPCoS - Centro de Estudos e Pesquisas em Comportamento e sexualidade
E -mail motoniette@uol.com.br - http://www.matoniette.psc.br

Oswaldo M. Rodrigues Jr.
Psicólogo e Psicoterapeuta Sexual. Diretor do InPaSex - Instituto Paulista de sexualidade. E-mail oswrod@uol.com.br - http://www.oswrod.psc.br


RESOLUÇÃO CFP N° 1/99 DE 23 DE MARÇO DE 1999


"Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual"

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais regimentais,

CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional da saúde;

CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é freqüentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade.

CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade;

CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão;

CONSIDERANDO que há, na sociedade, uma inquietação em torno de práticas sexuais desviantes da norma estabelecida sócio-culturalmente;

CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações.

RESOLVE:
Art. 1° - Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem estar das pessoas e da humanidade.

Art. 2° - Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.

Art. 3° - os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.
Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.

Art. 4° - Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.

Art. 5° - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 6° - Revogam se todas as disposições em contrário.

Brasília, 23 de março de 1999.
ANA MERCÊS BAHIA BOCK
Conselheira Presidente

Fonte:
http://www.armariox.com.br/conteudos/artigos/012-papelpsicologo.php

Texto de aprofundamento 3


A Orientação Sexual como Sistema de Prevenção de Saúde


Diante de inúmeros problemas de saúde pública que poderiam ser contornados com projetos de prevenção adequados, fica evidente a necessidade de investimento em Orientação Sexual. De acordo com uma pesquisa do Instituto DataFolha realizada em dez capitais brasileiras e divulgada em junho de 1993, 86% das pessoas ouvidas são favoráveis à inclusão de Orientação Sexual nos currículos escolares. Apesar disto, somente 32% dos pais conversam sobre sexo com seus filhos e metade deles nunca chegaram a tocar neste assunto. Alguns anos antes, a Editora FTD realizou uma pesquisa enviando carta-resposta comercial para dez mil professores. Das cartas respondidas, 84,3% acham que não tiveram boa educação sexual ou a tiveram mais ou menos, contra 13% que se declararam satisfeitos. Para 42,8%, as pessoas mais procuradas para conversar eram amigos e colegas, sendo que somente 6,2% procuravam os pais ou orientadores da escola. A grande maioria declarou que não era permitido falar de sexo na escola onde estudara.

Diante desta realidade, "Guia de Orientação Sexual - Diretrizes e Metodologia", traduzido e adaptado do original "Guidelines for Comprehensive Sexuality Education", pelo Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual, Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS e Centro de Estudos e Comunicação em Sexualidade e Reprodução Humana, conclui que apesar de todos perceberem a sua necessidade, o trabalho de Orientação Sexual ainda é muito incipiente no país, mesmo que já se tenham passado alguns anos desde a realização destas pesquisas. De lá para cá, muito se avançou, principalmente com a conscientização de realidades muito duras, como a disseminação da AIDS, que provocaram uma avalanche de ONGs (Organizações Não-Governamentais) e campanhas na mídia que falavam de sexualidade. Ainda assim, o debate sobre os modelos de prevenção, o papel das escolas, dos governos, da mídia e das famílias continua em pauta. "A discrepância entre a prática e os desejos da população passam por razões diversas na rede pública e particular. Tem que existir, em primeiro, uma vontade política (por parte dos governantes) de assumir programas desse tipo. Isso implica reconhecer como prioridade investimentos na área da saúde e educação da criança e do adolescente", define o Guia.

O que é educação sexual

Cabe, em primeiro lugar, definir Orientação Sexual. Segundo o programa Multirio, do Governo do Rio de Janeiro, a Orientação Sexual caracteriza-se, inicialmente, "por um conjunto de orientações desenvolvidas de forma assistemática sobre sexualidade". Este processo, prossegue o texto publicado na página governamental, "é global, não intencional, e envolve toda a ação exercida sobre o indivíduo, no seu cotidiano, desde o nascimento, com repercussão direta ou indireta sobre a sua vida sexual, ao longo da vida".

A Educação Sexual, de acordo com o Multirio, pode ser tanto informal quanto formal. A informal, surge no seio da família e tende a reproduzir nos jovens, conforme o órgão carioca, os padrões de moralidade, numa dada sociedade. Além disso, a veiculação de informações citadas pelos meios de comunicação de massa (jornais, revistas, TV, rádio, etc) também podem ser consideradas partes integrantes de uma educação informal sobre sexualidade.

A Educação Sexual considerada formal, por outro lado, "ganha o espaço institucional das escolas e centros comunitários, sob a forma de ações, programas e projetos deliberados. Esta abordagem também pode reafirmar conceitos ou, numa segunda visão, promover a difusão de informações relativas à sexualidade, acompanhadas de questionamentos e discussão sobre a sexualidade", explica o órgão governamental.

Estes conceitos vão se subdividindo e tornando-se ainda mais complexos na explicação do Multirio. Eles distinguem, por exemplo, dois novos conceitos de educação sexual, segundo outros autores: o primeiro se denomina intelectual e preocupa-se com conceitos e clarezas de definições. O outro é mais combativo e procura recrutar para as lutas mundiais de transformação dos padrões de relacionamento sexual.

O programa de Educação Ambiental e Saúde da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro considera a educação sexual como "o conjunto de teorias ou práticas, formais ou informais, que abordam, numa perspectiva educativa, aspectos da sexualidade humana com crianças e adolescentes". Para a secretaria carioca, o objetivo de um trabalho de educação sexual é "permitir que crianças e adolescentes entendam a sexualidade como aspecto positivo e natural da vida humana, propiciando-se a livre discussão de normas e padrões de comportamento em relação ao sexo e o debate das atitudes pessoais frente a própria sexualidade".

Segundo o Guia de Orientação Sexual, o trabalho de Orientação Sexual procura "ajudar crianças e adolescentes a terem uma visão positiva da sexualidade, a desenvolverem uma comunicação clara nas relações interpessoais, a elaborarem seus próprios valores a partir de um pensamento crítico, a compreenderem o seu comportamento e o do outro e a tomarem decisões responsáveis a respeito de sua vida sexual, agora e no futuro".

A AIDS como justificativa para a Orientação Sexual

Com o advento da AIDS, ficou mais do que evidente a necessidade de investimentos em prevenção, visto ser esta a única forma disponível para conter a epidemia. A Orientação Sexual ganhou força como política pública de saúde a partir desta realidade, sendo necessário, portanto, entender sua extensão e impacto na disseminação deste tema nos currículos escolares e nas conversas em família, além da sua constante presença na mídia. Na dissertação de Mestrado "Escola e AIDS: Um olhar para o sentido do trabalho do professor na prevenção à AIDS", na PUC/SP, do psicólogo Marcelo Sodelli, diretor técnico do Netpsi - Núcleo de Estudos e Temas em Psicologia, consta que o Ministério da Saúde, em 1996, divulgava que o Brasil contava com 62.634.791 habitantes com idade entre 5 e 24 anos, sendo que 47 milhões são alfabetizados e 15 milhões não freqüentam a escola.

Por outro lado, a partir do segundo boletim epidemiológico de 1999, Marcelo mostra que dos 155.590 casos de Aids notificados desde o início da epidemia até fevereiro daquele ano, 41.678 referem-se às faixas etárias compreendidas entre o nascimento e a idade de 29 anos e a maior parte dos casos vêm ocorrendo entre pessoas de 20 a 40 anos de idade, sendo que a transmissão do HIV vem ocorrendo principalmente pela via sexual e através do uso compartilhado de seringas ou agulhas entre usuários de drogas injetáveis.

Paralelamente, explica Marcelo, a gestação indesejada na adolescência vem aumentando consideravelmente, o que desencadeia um maior número de abortos e amplia a problemática entre as adolescentes de baixa renda. Além disso, a alta incidência das DSTs nesta faixa etária indica a prática sexual desprotegida, ou seja, sem uso de preservativo.

"Analisando todos estes dados, percebemos que os adolescentes têm se mostrado despreparados para elaborar assuntos referentes à sexualidade, criando barreiras para a promoção da sua saúde sexual, tornando-se mais propensos à sérios problemas", considera Marcelo, que já trabalhou em diversos programas de Orientação Sexual e de Prevenção à AIDS. Em sua tese, ele indica que "a falta de diálogo familiar, a crescente oferta de drogas (lícitas e ilícitas), a sensação de invulnerabilidade, a suscetibilidade às pressões grupais, e a transgressão são alguns aspectos determinantes da vulnerabilidade individual, institucional e social dessa população".

Como solução, Marcelo levanta que, baseado em todos estes dados, a escola é o melhor espaço para realizar trabalhos preventivos para esta faixa etária. Ele lembra, em sua tese, o que afirma o Ministério da Educação:

"Devido ao tempo de permanência dos jovens nas escolas e às oportunidades de trocas, convívio social e relacionamentos amorosos, a escola não pode se omitir frente à relevância dessas questões, constituindo-se em local privilegiado para a abordagem da prevenção às doenças sexualmente transmissíveis / AIDS ."

Marcelo lembra ainda que também a Organização Mundial de Saúde (1989) considera que a escola é um dos principais centros para a educação no setor de saúde. "Ao criar esse espaço de socialização do saber, estaria contribuindo para a promoção e divulgação de medidas preventivas ao combate à AIDS", diz.

Fonte:

Texto de aprofundamento 2

A concepção do trabalho de Orientação Sexual, como instrumento preventivo da AIDS, da gravidez precoce, do aborto e das DSTs vem passando por inúmeras transformações. Seu espaço está sendo discutido intensamente - seja na família, seja na escola, seja na comunidade. A própria expressão "Educação Sexual" já caiu em desuso, e os especialistas se perguntam: é possível educar alguém sexualmente? Atualmente, o termo mais aceito no meio de Helena Lima, bióloga, psicóloga e mestre em psicologia, é o de Orientação Sexual, campo, aliás, que tem crescido entre os profissionais de saúde e educação.

Segundo explicações do Multirio, Órgão Governamental do Rio de Janeiro, a diferenciação dos termos indica significados diferentes. "Outros autores consideram a orientação sexual derivada do conceito pedagógico de orientação educacional, definido-se como um processo de intervenção sistemática na área da sexualidade, realizada principalmente em escolas, por um educador ou outro profissional capacitado para tal, e aproxima-se do que denominamos como educação sexual formal", define.

De acordo com o Guia de Orientação Sexual, publicação traduzida e adaptada por três ONGs (Organizações Não-Governamentais) a orientação sexual, "quando utilizada na área de educação, deriva do conceito pedagógico de Orientação Educacional, definindo-se como o processo de intervenção sistemática na área de sexualidade, realizado principalmente em escolas". Pressupõe o fornecimento de informações sobre sexualidade e a organização de um espaço de reflexões e questionamentos sobre postura, tabus, crenças e valores a respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais. "A Orientação Sexual abrange o desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, auto-estima e relações de gênero. Enfoca as dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da sexualidade através do desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva e comportamental, incluindo as habilidades para a comunicação eficaz e a tomada responsável de decisões", explica o Guia.

Já a Educação Sexual, segundo o Guia, inclui todo o processo informal pelo qual aprendemos sobre a sexualidade ao longo da vida, "seja através da família, da religião, da comunidade, dos livros ou da mídia".

Helena Lima, coordenadora de projetos de orientação sexual de tradicionais escolas paulistanas e atualmente diretora da Unidade Perdizes do Colégio Pentágono, pensa que a temática sexualidade é parte tão integrante da criança como qualquer outra, e merece atenção na proporção em que ela demandar. "As crianças têm estímulos de sobra em relação à sexualidade e a outros aspectos da vida. Assim como se esclarece para a criança que ela deve atravessar a rua olhando para os lados, escovar os dentes, lidar com horários, dinheiro, aprender as cores, é fundamental que ela aprenda a compreender seus sentimentos em geral, inclusive os da sexualidade", pondera.

De acordo com a especialista, o desconhecimento, o não dito, também gera fantasias e angústia. "Então, nada de ficar colocando cegonhas e estrelas na pauta, nem ficar forçando a ampliação de temas. O importante é o orientador abrir espaço para dúvidas e responder àquilo que é solicitado. Simples assim", ensina.

Idade ideal para a Orientação Sexual

Para Helena, não existe idade ideal para iniciar o trabalho de orientação sexual. Ela leva em consideração, inclusive, o contexto religioso e o espaço em que esta orientação será dada. Segundo ela, se o espaço for à escola, a orientação deve acontecer desde sempre. "Socialização, classe, professora, coleguinha, recreio, educação física, tudo isso é espaço de intervenção", prega ela. "Em casa, também desde sempre, desde que SOLICITADOS. Nada de parar o dia e dizer: 'vamos falar de sexo'. Ruína na certa, constrangimento, excessos. Em resumo, a idade ideal é aquela que tem demanda. E quanto mais contextualizado, menos holofote no 'sexo', tanto melhor. O sexo não é uma dimensão à parte da existência, é mais uma, com suas importâncias e dificuldades....", explica a bióloga e psicóloga.

Quem está habilitado a dar Orientação Sexual

De acordo com Helena, o profissional mais indicado para fazer a orientação sexual na escola, é sem dúvida, o psicólogo com sólida formação na área biológica, pelo menos em um primeiro momento. "Mas, por ser um tema complexo e exigir sobretudo confiança, pode ser qualquer profissional (professor, pensando na escola) que tenha preparo teórico e desperte vínculos e confiança em seus alunos", acrescenta. Já Marcelo Sodelli, mestre em psicologia da educação e diretor clínico do Núcleo de Estudos e Temas em Psicologia - Netpsi, pensa que, na grande maioria das vezes, o papel de interlocutor recairá realmente sobre o professor, que, nestes casos, carece também de treinamentos e orientação. Ele acredita mesmo que a maior parte dos projetos de prevenção tem mais eficácia quando o professor é envolvido, e que eles, em sua maioria, não se sentem preparados para exercer esta função.

Segundo o Guia de Orientação Sexual, o trabalho pode ser realizado por "educador ou outro profissional capacitado para uma ação planejada, sistemática e transformadora, visando a promoção do bem-estar sexual, a partir de valores baseados nos direitos humanos e relacionamentos de igualdade e respeito entre as pessoas".

Como se dá a Orientação Sexual na visão do Multirio

De acordo com o Multirio, órgão carioca, "a abordagem da sexualidade não deve limitar-se ao tratamento de questões biológicas e reprodutoras, muito ao contrário, deve incluir um questionamento mais amplo sobre o sexo, seus valores, seus aspectos preventivos, para o indivíduo como forma de exercício da cidadania".

Eles justificam que a Educação Sexual, como qualquer processo educativo, apresenta efeitos e resultados demorados, muitas vezes só observados após muito tempo e, certamente não tem o poder de transformar todas atitudes e comportamento dos jovens.

"O fundamental é a possibilidade de se desenvolver um trabalho educativo positivo, de valorização humana, mesmo que limitado o seu alcance, através de uma intervenção pedagógica adequada, que possibilite ao jovem capacidade de escolha e a eliminação de sentimentos de culpa", explica o Multirio.

Eles alertam, no entanto, para o fato de que, mesmo ressaltando a importância da educação sexual como uma prática educativa de liberdade, esta abordagem nem sempre tem cumprido estes objetivos. "Além de, muitas vezes, limitar-se à veiculação de informações de caráter puramente biológico ou preventivo, no que se refere ao controle das doenças sexualmente transmissíveis, gravidez e outros inconvenientes sociais, pode, também, difundir atitudes repressivas moralistas que impliquem num comportamento reprodutivo adequado à política demográfica".

Por isso, o Multirio entende que é conveniente sempre analisar para que e a quem serve a Educação Sexual. "Com todas as evidências a escola não pode fugir ao seu papel de educadora e ignorar a questão sexual, diante da situação criada pelo aparecimento e difusão da AIDS entre os jovens, entre outras questões. A participação dos pais é fundamental no processo de Educação Sexual, pois, incentiva o processo de co-responsabilidade", define o órgão carioca.

A escola, segundo eles, "complementa o que é iniciado no lar, supre lacunas, combates preconceitos e revê conceitos destorcidos. A escola não tem como função dizer o que é "certo" ou "errado", ela deve preparar o jovem para discriminar o que é biológico, o que vem da cultura, da classe social a que pertence levando-o a sua própria verdade. Cabe aos pais se po
sicionarem claramente sobre o que consideram importante para seus filhos", acreditam.

Fonte:
http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3745&ReturnCatID=1802

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Texto de aprofundamento 1

A sexualidade das crianças e particularmente dos adolescentes é preocupação escolar desde o século XVIII, quando esta questão torna-se um problema público. Desde então, a instituição pedagógica não impôs um silêncio geral ao sexo das crianças e dos adolescentes. Pelo contrário, concentrou as formas de discurso neste tema, estabeleceu pontos de implantação diferentes, codificou os conteúdos e qualificou os locutores. Tudo isso permitiu vincular a intensificação dos poderes à multiplicação do discurso. No Brasil, a inserção da educação sexual na escola operou-se a partir de um deslocamento no campo discursivo sobre a sexualidade de crianças e adolescentes.
Nos anos 20 e 30, os problemas de “desvios sexuais” deixam de ser percebidos como crime para serem concebidos como doenças. A escola passa a ser tida como um espaço de intervenção preventiva da medicina higiênica, devendo cuidar da sexualidade de crianças e adolescentes a fim de produzir comportamentos normais. Durante as décadas de 60 e 70, a penetração da educação sexual formal na escola enfrentou fluxos e refluxos. Na segunda metade dos anos 60, algumas escolas públicas desenvolveram experiências de educação sexual. Todavia, elas deixam de existir em 1970 após um pronunciamento da Comissão Nacional de Moral e Civismo dando parecer contrário a um projeto de lei de 1968 que propunha a inclusão obrigatória da Educação Sexual nos currículos escolares. Em 1976, a posição oficial brasileira afirma ser a família a principal responsável pela educação sexual, podendo as escolas, porém, inserir ou não a educação sexual em programas de saúde. Os PCNs pretendem ser um referencial fomentador da reflexão sobre os currículos escolares, uma proposta aberta e flexível, que pode ou não ser utilizada pelas escolas na elaboração de suas propostas curriculares.
A fim de atingir os objetivos propostos pelos PCNs, o tema transversal da orientação sexual deve impregnar toda a área educativa do ensino fundamental e ser tratado por diversas áreas do conhecimento. O trabalho de orientação sexual deve, portanto, ocorrer de duas formas: dentro da programação, através de conteúdos transversalizados nas diferentes áreas do currículo, e como extraprogramação, sempre que surgirem questões relacionadas ao tema. Este tema deve ser tratado ao longo de todos os ciclos de escolarização. Os programas de orientação sexual devem ser organizados em torno de três eixos norteadores: “Corpo: matriz da sexualidade”, “Relações de gênero” e “Prevenção de doenças sexualmente transmissíveis/AIDS”.
A partir da puberdade e das transformações hormonais ocorridas no corpo de meninos e meninas, é comum a curiosidade e o desejo da experimentação erótica a dois. É a partir da puberdade que a potencialidade erótica do corpo se manifesta sob a primazia da região genital, expressando-se na busca do prazer.
A potencialidade erótica do corpo a partir da puberdade é concebida como centrada na região genital, enquanto que, à infância, só é admitido um caráter exploratório pré-genital. Os conteúdos devem favorecer a compreensão de que o ato sexual, bem como as carícias genitais, só têm pertinência quando manifestados entre jovens e adultos. Noutros momentos, afirma-se uma certa dimensão histórica da sexualidade, como quando é explicado que uma disciplina como a História pode incluir “conteúdos a respeito de como a sexualidade é vivida em diferentes culturas, em diferentes tempos, em diferentes lugares”. Todavia, esta dimensão histórica é pensada como sendo construída em cima de algo naturalmente dado. Em outras palavras, a sexualidade e o sujeito são pensados como essências sob as quais há um investimento da cultura.

Ministério da Educação.
Fonte: [me] Ministério da Educação - Domínio Público

terça-feira, 8 de setembro de 2009

LINK: Homossexualidade na Adolescência


O homossexualismo tem atraído muito a atenção da sociedade. Uma das teorias mais antigas para explicar a origem do comportamento é a da hereditariedade. O fato de o homossexualismo ser encontrado em quase todas as sociedades dá certo fundamento a essa hipótese. Entretanto, não há evidências de diferenças estruturais entre os homossexuais e as demais pessoas.
Em torno dos cinco ou seis anos de idade, os meninos parecem perder quase todo o interesse que têm pelo próprio pênis e também o interesse especial pela mãe. Desde que ela o permita, evitando ser protetora ou hostil demais em relação a ele. Depois disso os meninos tendem a evitar e a rejeitar as meninas. Ao mesmo tempo, adquirem interesses considerados importantes pelo pai, tais como: esportes, automóveis, e assim por diante.
Às vezes, o pai é uma figura ausente, desinteressada, desinteressante ou amedrontadora e o menino pode recuar para junto da mãe, caso não haja qualquer outro homem adulto pelo qual ele possa se interessar. Uma intensa hostilidade ao pai pode também levar o filho a identificar-se com a mãe e a adotar, consequentemente, atitudes femininas.
Nem sempre o homossexualismo é provocado por amor excessivo à mãe. O mecanismo pode ser inverso. Um indivíduo pode ser levado a desprezar a figura materna e com ela, as demais mulheres. Há também inúmeras hipóteses menos dramáticas: a mãe que incute no filho a idéia de que nenhuma mulher é digna dele pode criar no jovem, inconscientemente, uma preferência por homens como parceiros sexuais.
Os meninos geralmente participam de grupos no estágio anterior à puberdade. Nesse momento podem ocorrer conversas e brincadeiras sexuais, tais como exibicionismo mútuo. Esse estágio de homossexualidade é mais social do que físico. No caso das meninas, no mesmo estágio, está mais presente uma homossexualidade física, na qual participam de brincadeiras explícitas com suas melhores amigas. Elas podem mostrar a vulva uma para a outra, e até mesmo explorar a vagina uma da outra.
Geralmente quando atingem a puberdade, as meninas voltam-se enfaticamente para a heterossexualidade. Também começam a testar os efeitos das suas modificações físicas, procurando chamar a atenção masculina. No entanto, algumas meninas ficam atemorizadas com o aumento de sua sexualidade, podendo procurar refúgio no trabalho, na obesidade, na anorexia nervosa ou até mesmo no relacionamento com outras meninas.
Entre os meninos, após a puberdade, fala-se muito sobre sexo e existem muitas comparações sobre os pêlos púbicos, o aumento do pênis, a ejaculação e a masturbação. Meninos que tenham sido levados pelos pais a se considerarem desfavorecidos, ou meninos que tenham tido más experiências anteriores com mulheres (uma mãe dominadora ou uma irmã mais velha ciumenta), podem demonstrar uma considerável ansiedade em relação a contatos com meninas. Eles podem encontrar dificuldades para passar do estágio homossexual para o heterossexual, mas não são realmente homossexuais.
De qualquer forma, tanto a homossexualidade social quanto a física, nos adolescentes, faz parte do processo de descoberta e amadurecimento sexual. São apenas estágios do desenvolvimento sexual. Para alguns indivíduos essa fase é importante para definir que tipo de relacionamento sexual vão preferir no futuro.

Jonatas Dornelles
Antropólogo


FONTE:
http://www.leveiumpenabunda.com.br/m-homossexualidade-adolescencia.html