domingo, 22 de novembro de 2009

Resenha

As adversidades do adolescente homossexual

Esta resenha consiste na explanação sobre a condição do adolescente perante a homossexualidade, abordando as causas e conseqüências que condicionam a existência deste indivíduo no núcleo da família e no convívio social. A realização deste trabalho baseou-se no conteúdo de artigos e pesquisas no campo teórico de diversos autores, dentre os quais destacamos Marcelo Toniette e Oswaldo Jr. (1999), Isay (1998) e Élide Signorelli (2009).

O termo Homossexualidade está oculto sob um denso manto de mistificação e preconceitos, onde as especulações giram em torno desde questões psicológicas, hormonais, neuroendócrinas, cerebrais, genéticas, dependendo do contexto sócio-cultural no qual o grau de informação da sociedade é fator determinante na mensuração de estereótipos. A homossexualidade sempre existiu nas mais diferentes culturas e nem sempre foi considerada indesejável ou doentia. De acordo com Marcelo Toniette e Oswaldo Jr. (1999) “O termo Homossexualidade (sufixo “dade” = modo de ser) é diferente do Homossexualismo (sufixo “ismo” = doença em Medicina).” Visto que a atração afetiva - sexual por indivíduo do mesmo sexo não é considerada doentia. O termo Homossexualidade é humanamente mais indicado para designar esta forma de expressão.

A homossexualidade na adolescência sofre ainda mais com as distorções e os preconceitos. Muitas questões equivocadas são levantadas sobre os motivos que envolvem essa fase de transição. As variantes envolvidas no processo vão desde modismo, curiosidades, traumas, crise existencial a uma opção ideológica contra uma ordem normativa estabelecida, nesse caso específico enquadram-se vários subgrupos urbanos, como emos e punks, que vêem nesta uma alternativa de expressarem suas inquietudes e inconformismo contra uma sociedade homofóbica e sexista ou simplesmente uma questão de escolha intrínseca à sua natureza.

A adolescência já é uma fase muito turbulenta devido as suas transformações físicas e psicológicas. É um período de grandes mudanças e descobertas, como acontece ao entrar na puberdade onde a sexualidade é auto-erótica, o jovem está mais voltado para o seu corpo e para, a exemplo disso é a masturbação, sendo esta subterfúgio para apaziguar as tensões, frustrações e conflitos internos, compensando o sofrimento. De acordo com Élide Signorelli (2009) “No decorrer desta fase, geralmente aos 15 anos, o jovem começa a buscar sua identidade sexual no convívio social com seu grupo, situação inerente ao seu processo de desenvolvimento.”

De acordo com Isay (1998):

“A consolidação de uma identidade sexual inicia-se na fase da adolescência. O adolescente homossexual entra neste período com uma sobre carga maior do que os heterossexuais, pois já se percebem diferentes e em algumas situações se sentem rejeitados o que pode levá-los a desenvolver um padrão de comportamento evitativo ou introvertido. Outra conseqüência possível desta situação é a tentativa de negar a homossexualidade, procurando manter um comportamento heterossexual. Soma-se, ainda, a estes sentimentos e pensamentos (comportamentos encobertos) sobre a homossexualidade, o fato de que os adolescentes têm poucos modelos homossexuais com os quais passam a se identificar, de forma a ter modelos e comportamentos adequados ou possíveis de serem admirados.”

Geralmente, o convívio entre o adolescente e sua respectiva família é uma relação conflituosa devido a todas as transformações citadas que o indivíduo está submetido ao entrar na puberdade. A inserção da homossexualidade no núcleo da família contribui para intensificar os conflitos. O despreparo e a falta de informação dos pais sobre a questão da homossexualidade é um agravante a mais, pois começam a questionar onde foi o ponto falho na educação e trocam acusações (a culpa é da mãe que mimou muito essa criança ou a culpa é do pai que a traumatizou) ou atribuem à determinada influência a causa desse comportamento diferente (brincadeiras, amigos, parentes). E infelizmente, na maioria dos casos, a própria família passa a não aceitar o adolescente homossexual, despertando-lhe um sentimento de culpa e de inadequação. Não obstante, não só o adolescente é alvo de preconceito, ele também abrange a família do homossexual, colocando em dúvida a educação transmitida no contexto familiar, a relação pais e filhos, revestindo a homossexualidade com um paradigma de comportamento errado e inadmissível. Sendo que a sociedade não se preocupa em instruir um pai ou uma mãe para a compreensão da condição homossexual do seu filho, fornecendo-lhes apenas concepções equivocadas do senso comum. Diante de tal realidade, o indivíduo homossexual se assume para a família em última instância, na maioria dos casos, somente após estar envolvido em algum grupo de apoio (ONG Estruturação – Grupo LGBT, por exemplo) que o auxilia na aceitação de sua condição, e assim ele estará preparado psicologicamente para enfrentar sua realidade.

A adolescência, na maioria das vezes, é uma fase incompreendida, tanto a sociedade como a família falham nesse ponto. E as conseqüências vão desde um comportamento rebelde e arredio a um estado depressivo, que reflete em uma baixo-estima e inadequação social. Com isso os conflitos são inevitáveis, fazendo com que o adolescente se exclua dos demais ou se assuma apenas amparado por algum grupo no qual ele se identifique, mesmo tendo que continuar enfrentando o preconceito da grande maioria, incluindo os amigos, e ás vezes até mesmo integrantes da própria família.

O preconceito, na maioria das vezes, se manifesta de variadas formas e abordagens, desde a exclusão, as agressões verbais e alguma das vezes, nos casos mais extremos, as agressões físicas. Na exclusão e nas agressões verbais, o homossexual pode vivenciar o “Bullying”.

De acordo com ABRAPIA (2002):

“Pessoas que vivenciam a homossexualidade queixam-se de terem sofrido “Bullying” na infância e/ou adolescência. Bullying é uma palavra inglesa que representa todas aquelas situações desagradáveis provocadas por uma criança e/ou adolescente contra um(a) outro(a), causando dor, tristeza ou humilhação. Podemos citar como exemplos de Bullying as seguintes ações: botar apelidos; agredir (bater, chutar, empurrar, beliscar, etc); excluir ou isolar do grupo; roubar ou tirar pertences; rasgar ou quebrar o material escolar/brinquedo; discriminar (não respeitar as diferenças entre as pessoas); perseguir; ameaçar; inventar histórias falsas sobre alguém; etc. Portanto, Bullying pode ser entendido como zoar, gozar, sacanear, implicar, ‘pegar no pé’, perseguir, encarnar, etc.”

As agressões físicas chegam ao extremo do homicídio, onde, segundo o relatório anual do GGB (Grupo Gay da Bahia), ONG brasileira mais antiga em defesa dos direitos homossexuais, em 2008 foram documentados os assassinatos de 190 homossexuais no Brasil, 55% a mais do que no ano anterior (122), o que causa preocupação e revolta.

Em outro caso, a polêmica envolvendo a expulsão dos estudantes Jarbas Rezende Lima e José Eduardo Góes de uma festa do Centro Acadêmico de Veterinária da Universidade de São Paulo depois da troca de beijos entre os dois reacendeu a discussão em torno da homofobia no Brasil. Segundo entidades de defesa dos direitos homossexuais, até setembro deste ano foram contabilizados 138 assassinatos de gays, lésbicas e travestis. O número já é superior ao registrado ao longo de todo o ano passado, quando 122 assassinatos foram contabilizados.

O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância de São Paulo como “constrangimento ilegal”. A Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo já anunciou que pretende acompanhar as investigações.

Esses atos absurdos são conseqüências dos preconceitos existentes na sociedade, que invade escolas, local de trabalho e até a família. Percebe-se que uma parcela considerável da população ainda se deixa levar por preconceitos infundados e totalmente injustificáveis, chegando ao limite da ignorância.

É inadmissível que uma pessoa seja excluída, vilipendiada, espancada e morta, pelo simples modo de viver e buscar sua felicidade. “Todos somos iguais perante a lei.”, está na Constituição Federal, então todo o cidadão tem o direito de viver da maneira que lhe convenha, desde que não prejudique ninguém. Homossexualidade não é crime, não é doença, é importante que todos tenham consciência disso e que revejam seus conceitos a respeito do assunto e que abram as suas mentes para compreenderem e respeitarem a individualidade de cada um, na tentativa de diminuir esse quadro tão nefasto.

O adolescente homossexual não assume a sua opção sexual devido a todas essas lamentáveis circunstâncias citadas acima, por medo de ser repreendido pelo meio onde convive, por todo um âmbito sociocultural. Os adolescentes se fecham em seus universos particulares, se assumindo apenas para um pequeno grupo que irá apoiá-lo em suas decisões, como por exemplo, para os amigos de convivência, na maioria das vezes outros homossexuais. Já a família é a última a saber da opção do adolescente, pois o próprio jovem considera sua opção uma coisa pecaminosa e abominável que deve ser escondida. Devido a estes fatores, o mesmo necessita de apoio nesta fase tão conturbada em que está inserido. Ele precisa de total apoio psicológico, da família, dos amigos, pois somente através deste, que ele se adaptará a esta realidade como sendo algo natural. Cabe aos pais tentarem entender e respeitar a natureza de seu filho, buscando elucidar os paradigmas equivocados a esta sexualidade. Somente após esse longo percurso de aceitação recíproca, mudança de consciência por parte da sociedade, o adolescente estará mais seguro para enfrentar as adversidades de sua opção sexual.

Os fatos citados neste trabalho servem para elucidar a realidade dos adolescentes homossexuais, vítimas de preconceitos de uma grande parcela da sociedade, o que é lamentável. Desta forma tentamos mostrar que é preciso despertar e cultivar o hábito da alteridade; um diálogo mais aberto entre pai e filho, uma disciplina escolar que promova uma consciência mais ética no adolescente. Também uma participação mais ativa do governo se torna necessária para subsidiar os atos e movimentos em favor de uma causa mais humana, respeitando a diversidade alheia independente de qual seja esta. Aos homossexuais, em especial aos adolescentes, cabe o papel de discussão e reflexão, seja com outros adolescentes, professores, psicólogos e até mesmo com os próprios pais. Vale ressaltar que não há mudança sem diálogo assim como não pode haver progresso sem luta.

5 comentários:

  1. Por favor pessoal, não mexam na resenha, pois ela ficou desconfigurada no editor de postagens. Qualquer coisa que vocês queiram mudar me avisem, ok?

    Évelyn

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  2. uhuuuu nossa resenha ficou mto boaa gente... tomara que a professora aprove.




    Laís

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  3. Oi galerinha, a nossa resenha ficou muito boa, espero que todos tirem boas notas com o trabalho do blog, um bom final de semestre e um abraço pra todos e boa sorte nas provas finais...


    Thiago Rodrigues de lima

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  4. O trabalho foi muito bom e bem aproveitado.
    Um grande abraço

    Att,Hamilton.

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  5. Professora,
    Os parágrafos 11 e 12 estão com a fonte diferente do resto do texto, pois no momento de postar, estes parágrafos foram desconfigurados pelo editor de postagens do BlogSpot. Eu tentei arrumar, mas não consegui. Peço por favor que você não leve isso conta no momento de avaliar a resenha.
    Desde já agradeço.

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